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Moda, Resistência e o Dandismo Negro no Met Gala

  • Foto do escritor: Mariana d'Abril
    Mariana d'Abril
  • 21 de mai.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 23 de mai.

A representatividade atua na moda como elemento essencial para enfrentar estereótipos


Por Mariana d'Abril, Sessão das 4 — Bauru, São Paulo


Na segunda-feira, 5 de maio, a 76ª edição do Met Gala celebrou o tema “Superfino: Estilo Negro de Alfaiataria”, destacando o dandismo como expressão de elegância e resistência negra. Em um evento historicamente marcado por padrões brancos, a valorização do estilo negro representa um avanço simbólico. Mas o contraste entre essa expectativa de representatividade e a realidade ainda é muito evidente: no Brasil, 23% dos negros se sentem representados como criminosos no audiovisual, segundo levantamento da Paramount Global (2022).


A pesquisadora de História da Moda, Gabriela Lira, explica as origens do dandismo como expressão de resistência negra:

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A representação midiática, quando mal feita, pode parecer inofensiva, mas tem o poder de reforçar estereótipos racistas e aprofundar desigualdades. Gabriela comenta sobre essa dinâmica:

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A psicóloga afrocentrada Thaissa Moreno, especialista em psicoeducação antirracista, fala sobre como a representatividade pode fortalecer a identidade negra e o senso de pertencimento:

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Segundo Thaissa, dar visibilidade é essencial para romper com discursos que menosprezam a identidade negra e resgatar a ancestralidade como pilar de pertencimento.

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Gabriela analisa como, entre os séculos XVIII e XIX, a moda foi usada como instrumento de exclusão pela elite branca:

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A pesquisadora comenta o significado da alfaiataria negra e valoriza o legado de estilistas que desafiaram padrões eurocêntricos:

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Gigi Hadid e Miu Miu homenagearam Zelda Wynn
Gigi Hadid e Miu Miu homenagearam Zelda Wynn
Vestido de noiva Jacqueline Kennedy feito por Ann Lowe
Vestido de noiva Jacqueline Kennedy feito por Ann Lowe

O apagamento ou ocultamento histórico foi muito comum quando falamos sobre figuras negras. Um exemplo brasileiro, hoje bastante conhecido, é o “apagamento racial” sofrido por Machado de Assis. Com os avanços nas discussões sociais e a criação de leis que criminalizam a discriminação, muitas figuras históricas que foram apagadas ou tiveram sua negritude invisibilizada ressurgem para fazer jus às suas trajetórias e contar a história como ela deve ser contada.


Ainda assim, o ocidente permanece regido por uma visão racista e eurocêntrica, o que entra em conflito com a realidade da América, especialmente a América Latina. Devido ao alto índice de miscigenação, parece irônico que o povo se volte contra si para defender preconceitos disfarçados de ideologias, buscando se aproximar de algo que não corresponde à nossa realidade.


O Censo 2022 do IBGE aponta que, no Brasil, 45,3% da população se declara parda, 43,5% branca e 10,2% preta. Essa miscigenação profunda contrasta com a visão eurocêntrica que ainda predomina e desvaloriza a identidade negra, reforçando preconceitos que não refletem a diversidade do país.


Gabriela acredita que o dandismo terá mais destaque nas passarelas, mas teme que essas aparições não tenham como objetivo valorizar a estética negra, e sim representar uma comercialização superficial do movimento.

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Uma representação mal feita, não só não age na representatividade, como pode reforçar estereótipos preconceituosos, aprofundando a exclusão e a marginalização desses grupos. Ao ser questionada se ela acredita que, com o destaque, possa haver uma desconstrução do racismo estrutural em pessoas não negras, a psicóloga afirmou:

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O Met Gala 2025 reuniu grandes estrelas no Metropolitan Museum of Art para celebrar a exposição sobre o dandismo negro. A cantora Teyana Taylor, a atriz La La Anthony e o comediante Ego Nwodim apresentaram a cerimônia, transmitida pelas plataformas digitais da Vogue. A pesquisadora avalia como os looks do evento dialogaram (ou não) com a proposta estética e histórica do dandismo negro:

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Os Favoritos da Pesquisadora:


Look Madonna:

Getty Images
Getty Images

Para ela, tentaram entregar conceito:


Looks que Gabriela considera fora do tema:



Thaissa destaca como a representatividade negra, quando bem executada, tem impacto direto na autoestima e na saúde mental da comunidade:

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Somente achar o racismo algo errado, não é suficiente. Em um país onde quase 90% dos mortos por policiais em 2023 eram negros, ser antirracista é o mínimo que precisamos ser para que as mudanças ocorram. Ignorar uma luta que enfrenta um problema estrutural, simplesmente porque você não se sente afetado ou parte do problema, só reforça os dados.


A omissão também é um posicionamento e, por mais que para muitos não pareça, ele não é um posicionamento silencioso. Se você ignora, então você também faz parte do problema.



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